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Obsolescência

A mesma insuficiência orçamentária mencionada acima torna inviável, muitas vezes, o estabelecimento de contratos de manutenção técnica para o equipamento. Ao longo do tempo, além do `zoológico' cria-se também o `cemitério' tecnológico, com equipamentos postos fora de operação por falhas muitas vezes localizadas e de fácil reparo quando se tem acesso às peças de reposição e quando se tem pessoal técnico especializado.

A relativa rapidez com que equipamentos computacionais tornam-se obsoletos é outro grande problema enfrentado por instituições que não dispõem de um orçamento à altura de sua demanda de serviços.

Muito mais aguda torna-se essa obsolescência quando não é causada diretamente pela evolução tecnológica do hardware, mas induzida pela estratégia comercial dos fornecedores de sistemas operacionais e/ou aplicativos. Efetivamente, o sistema operacional adotado, dentro de seu ciclo de evolução, acaba por exigir uma taxa de reposição de hardware incompatível com os recursos da instituição. São aquelas situações em que ``é preciso comprar um computador modelo P-XIII para poder usar o sistema operacional W-1984'', muitas vezes inevitáveis uma vez feita a opção por determinada configuração.

Mais freqüente ainda é a obsolescência do sistema operacional induzida pela `evolução' dos seus aplicativos. Muitas vezes, versões posteriores de aplicativos de interesse geral são projetadas (por razões mais comerciais do que técnicas), de maneira a exigir a substituição da versão do sistema operacional, o que por sua vez provoca a obsolescência precoce do hardware num processo que se desenrola ``em cascata'', criando familiares situações em que ``é indispensável usar o sistema W-1984 para poder processar os documentos escritos com o editor Le Mot v-3.1415''.

As Instituições de Ensino Superior brasileiras puderam experimentar esse problema em escala nacional no passado recente, quando da implantação das novas bases de dados de apoio às agências governamentais de financiamento científico. Assim como na UFPR, muitas outras Instituições de mingüados recursos financeiros viram-se na contingência de renovar boa parte de seus equipamentos e sistemas operacionais a fim de poder estabelecer comunicação com estas bases de dados. Além disso, esses recursos, quando adquiridos, não se integram ou têm que permanecer dedicados a uma única função, representando desperdício de recursos.

Não é supérfluo sublinhar que o equipamento posto de lado por esse processo representa, via de regra, pura perda de recursos, raramente podendo-se reaproveitá-lo, ou suas partes, no conjunto de recursos computacionais do Departamento, o que caracteriza uma situação de consumismo galopante, incompatível com o mingüado orçamento das Instituições Públicas de Ensino.


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Marcos Alexandre Castilho 2001-08-24